Comunidade relata descaso do poder público: “Se for pra morrer, morre em casa”
A população do Morro do Albano vive uma realidade distante do que é divulgado pela administração municipal. Em visita realizada pelo Jaíba News, a convite da vereadora Ângela Karine, denúncias de moradores revelaram a precariedade na oferta de serviços básicos como água potável, saúde, alimentação escolar e programas sociais.

Logo no início da fiscalização, foi constatado que máquinas da prefeitura estavam paradas: uma quebrada e outra sem combustível, impossibilitando a realização de obras essenciais. “É a realidade que a gente está vendo aqui hoje”, afirmou a vereadora.

Água imprópria e escassa
Um dos maiores problemas enfrentados pelos moradores é a falta de água. Segundo relatos, quando o caminhão-pipa não abastece, a alternativa tem sido a água de poço, considerada salobra e imprópria para consumo humano. Uma moradora chegou a denunciar que a água distribuída apresentava até cheiro de gasolina.
Antes, havia um reservatório que era abastecido regularmente, mas há quatro meses a comunidade sofre sem o fornecimento adequado. “Nós tá ficando sem água, já tem quatro meses que não vai um pingo d’água lá em casa”, disse um morador.

Saúde em colapso
A situação da saúde também é alarmante. Atendimento medico a cada 30 dias, quando tem muito a cada 15 dias, o atendimento odontológico já passam de dois meses que não tem na comunidade, alegam que a cadeira para uso do paciente esta quebrada. O veículo que dava suporte à comunidade foi deslocado para Jaíba, deixando os moradores desassistidos. Agora, em casos de urgência, muitas vezes é preciso pagar do próprio bolso pelo transporte até especialistas — valores que chegam a R$ 400.
“Levando mais de três, quatro horas, se for pra morrer, morre em casa”, desabafou um morador, destacando que até a chegada do SAMU pode ser tarde demais.
Programas sociais suspensos
Moradores denunciaram ainda que programas de assistência, como a entrega de cestas básicas e cestas de verduras do Banco de Alimentos, foram suspensos. O fornecimento de leite e fraldas a famílias em situação de vulnerabilidade também está parado.
Uma mãe relatou que seu filho, com baixo peso e em quadro de desnutrição infantil, deixou de receber esse suporte desde o início da atual gestão. “Antes, todos esses programas eram realizados para a comunidade do Morro do Albano. Hoje, não temos mais nada”, afirmou.
Educação comprometida
Nas escolas locais, o cenário é de abandono. A diretora e as supervisoras não estavam presentes durante o horário de aula, ficando apenas os professores responsáveis. Relatos apontam que, recentemente, a escola chegou a pedir mantimentos para os alunos.
Segundo funcionários, falta o básico para ensinar as crianças, e nenhuma ação tem sido feita pela gestão municipal. Professores afirmaram estar tirando dinheiro do próprio salário para comprar material pedagógico.

O lanche escolar oferecido durante a visita se resumia a suco com biscoito, prática que contraria as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que exige refeições completas, variadas e elaboradas por nutricionistas, priorizando alimentos in natura e garantindo nutrientes adequados para o desenvolvimento das crianças.
Realidade x propaganda
Vale ressaltar que, há alguns meses, o prefeito esteve no local acompanhado de vereadores, ocasião em que apresentou a comunidade nas redes sociais como se estivesse realizando um trabalho impecável. O Jaíba News teve acesso às imagens gravadas naquela ocasião, mas não as divulgará por conter moradores identificáveis.
O contraste entre a propaganda institucional e a realidade vivida pelos moradores causa indignação.
Indignação e pedido de socorro
O cenário visto pela vereadora Ângela e pela equipe do Jaíba News foi considerado assombroso. Vale lembrar que, em visita no ano passado, a realidade era totalmente diferente, pois a comunidade ainda contava com assistência. Agora, além de sofrer com a distância em relação à cidade, os moradores se sentem abandonados após a retirada de programas sociais e a precarização dos serviços básicos.
“A realidade tem que ser dita”, concluiu a vereadora, cobrando ações efetivas da gestão municipal para garantir dignidade às famílias do Morro do Albano.